1808, de Laurentino Gomes
Este livro foi moda quando lançado. Muita gente leu, mas eu estava atrasado …
Li agora e adorei, mas ao mesmo tempo – nestes tempos de revolta com os governantes do Brasil – me deu ainda mais irritação. Irritação por chegar a conclusão de que dificilmente eu verei um Brasil melhor enquanto viver. Recorte algumas passagens do livro neste período de 1800, e cole no jornal de hoje: você talvez nem notará que se trata de uma tramóia de 200 anos atrás. O Brasil, como todos sabemos, começou torto, errado, enviesado. A corrupção endêmica, o jeitinho luso-brasileiro, os amigos do rei, o descaso geral …
Uma colônia sem nenhum planejamento, exceto a exploração em nível máximo.
Mas novamente, o livro é muito esclarecedor para entendermos um pouco mais o Brasil atual. Pretendo ler a trilogia completa: 1808, 1822 e 1889.
Para finalizar, lembrei da frase atribuída a filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos EUA na metade da década de 1920):
“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.