1. Uma Viagem Para Tirar a Zica!
2014 não foi um ano especialmente tranquilo para mim.
Uma perda irreparável e um problema de saúde, este sim, superado.
De qualquer forma, foi um ano bem bagunçado, inclusive e principalmente no aspecto emocional.
Fiquei quatro meses sem poder andar de moto, e não nego o motivo: estava com muito medo. Não, não me aconteceu qualquer acidente moto, nenhum problema deste tipo. Mas foi um período de abstinência em relação às duas rodas.
Já queria mesmo tirar uns dias para pensar na vida após a turbulência. E por que não em cima de uma motocicleta? Boa ideia, bastava ver se eu conseguiria.
Bom, fiz rapidamente um plano de rodar pelo oeste dos Estados Unidos, com o plano “b” para fazer a mesma coisa de carro, se fosse o caso.
E lá fui. Cheguei em Las Vegas, aquela cidade detestável, com uma energia péssima, um lugar onde não consigo ver graça em nada, exceto nos shows e musicais. Mas como ponto de partida seria ideal, além de ter a moto que eu gostaria de experimentar.
Parti da BMW Las Vegas em uma segunda feira, em setembro de 2014. Posso dizer que “a bordo” de um Cadillac de seis cilindros, com piloto automático, para-brisa retrátil, som e aquecedores em todos os lugares. A bruta já estava rodada com 40.000 milhas, mas impecável. Sapatos novos, revisada e tudo na mais absoluta ordem. O treinamento sobre a máquina durou uns 2 minutos e quinze segundos (contra a minha vontade, mas enfim …).
Os primeiros 100 quilômetros foram de pânico a cada carro ou caminhão que passava ao lado. O vento, o barulho, tudo gerava insegurança. Sai do estado de Nevada e logo entrei no Arizona, aquele calor infernal e seco. Garrafinhas de 500ml não significam nada: tomava uma inteira e após 50 segundos estava com a mesma sede de antes.
Quando entrei na “route 66” senti que ia relaxando aos poucos. Como fazia quatro meses sem qualquer tipo de esporte ou exercício, as costas logo me lembraram que estavam ali para doer, e doer muito ao longo da primeira semana.
Os primeiros dois dias com um equipamento desconhecido, demandam aproximação, respeito e paciência para que os pequenos ajustes sejam descobertos, configurados e regulados: entrada opcional de vento, recarregadores de portáteis, suspensão, acertos de conforto, “joy-stick” de controles que comandam quase tudo, acertos no carregamento da bagagem, altura do banco, etc. Sem contar a “tocada” em uma BMW K1600 GTL onde a cada dia é uma descoberta, com mais de 1.600 cilindradas, 160 cavalos e 350 quilos sem bagagem.
Bom, o resto é história: foram 12 dias, 270 litros de gasolina com octanagem 91 que foram consumidos a cada 19 quilômetros, por 2 países e 8 estados (Nevada, Arizona, Utah, Idaho, Wyoming, Montana, Washington e British Columbia no Canadá).
E não é que a “zica” passou depois de 5.100 quilômetros rodados?
A viagem não trouxe meu pai de volta, mas estou novo em folha até porque ele sempre estará comigo. Viajar de moto é deixar as cracas pelo caminho.
BMW of Las Vegas
Contato: Clay Spear (Rental Manager)
cspear@bmwoflasvegas.com
www.bmwoflasvegas.com / www.eaglerider.com
Tel. 702.454.6269 . 6675 S Tenaya Way . Las Vegas, NV 89113
Obs.: não esqueça de solicitar a “Authorization to Cross USA-Canada Border”.