Hood to Coast Relay – HTC 2011

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Hood To Coast Movie Trailer #2 for Race Website from Film For Thought on Vimeo.

Equipe Lost in Oregon

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Perdemos a inscrição para a corrida do Padre Chico em Itaquaquecetuba, mas acabamos conseguindo o registro para as 200 milhas no Oregon, realizada em 26/08/11.

A equipe “Lost” é conhecida pela exigência de seu Capitão e os altos índices de performance de seus integrantes. Por isto às vezes é chamada de equipe de corredores velozes e furiosos, não raramente, mais furiosos do que velozes.

Oito meses de preparação, vinte e três reuniões, intermináveis treinos. Pães de queijo de borracha, doces amanhecidos, água quente, café frio. Pelo menos, tudo com muito luxo e tecnologia em nossa sede própria.

Dezenas de atas, planilhas e o maldito handbook de 189 páginas frente e verso, que evidentemente foi lido pela minoria, incluindo eu.

Como se trata de uma corrida de revezamento, primeiramente gostaria de lhes apresentar os 12 integrantes:

  1. O Capitão: sujeito bom, mas muito bravo. Como ficará claro, nem teríamos conseguido chegar até lá sem o rigor e disciplina imposto desde os primeiros preparativos.
  2. Francês: fez bem a sua parte no guidão, mas como todo bom francês, sujeito esquentado, irritadiço e sem paciência com navegadores. Quando não dirigia, dormia (+/- 80% do tempo).
  3. KlawStrong: uma alemã fortíssima, junto com outros, catapultou a equipe ao sucesso.
  4. Leo Bolt: financiou à todos com um extenso banco de minutos (distribuindo tempo para os menos aptos). Menino novo, disciplinado, salvador da pátria.
  5. O Holandês Voador, the Flighing Dutcher, o Laranja Mecânica: se ele tivesse nascido remédio, seria uma pílula gigante de Pharmaton, tamanha sua vitalidade.
  6. XND 171: um sujeito condenado pelo código penal no artigo 171 (“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”). Former Driver, New Driver. Perigo constante ao volante. O prefixo fica por conta do aeroplano da firma, que a seu mando, alterou-o para “XND”.
  7. O JovemP: apesar de sua tenra idade, sua diplomacia foi fundamental para estabilizar a equipe nos momentos de poeirão. Sobre “poeirão”, creio que ficará bastante claro ao longo deste relato. Posteriormente, descobrimos que seu verdadeiro nome é Comendador Silva Filho.
  8. A Rainha do Mar: tão vencedora no asfalto quanto na água. É uma alegria ver a Rainha correndo, contagiante.
  9. Chinês: homem de poucas palavras e sem muita interação com os demais, pois na maioria do tempo ficava digitando em seu Blackberry (mais rápido que minha filha de 13 anos). Sempre ouço dizer que em seu país o povo trabalha muito, mas definitivamente não é o caso do nosso chinês. Ele faz bem duas coisas: pagar e correr, mas para pegar no cabo da enxada e carpir, não é dos melhores. Mas corre excepcionalmente bem.
  10. Gonça: um sujeito espetacular, ótimos para produzir camisetas, apreciador de carros compactos, cupês, conversíveis para dois lugares. Não é a toa que para as viagens de férias de sua família, todos viajam juntos em seu Smart.  Também adora rotas alternativas e gadgets.
  11. Senador Romano: se não fosse um senador Romano seria um lorde inglês, apesar de ter perdido a compostura no jantar de comemoração, quando somente seu corpo compareceu à festa. Os maliciosos dizem que, apesar de sua educação, é o principal “Ajudante-de-ordem” do Capitão, do tipo “-Capitão, se o senhor for espirrar hoje, saúde!”.
  12. E o Pangaré: este meus leitores, vocês jamais saberão quem é.  A ele coube a faxina na van e alguns trechos menos importantes. Cara bom, fez uma boa faxina, mas é lerdo. Considerado o maior usuário do banco de minutos da equipe.

Apesar de defeitos e qualidades, no íntimo, todos são aspirantes a guerreiros. Título jamais conferido a qualquer um pelo Capitão. Ao que tudo indica somente alguns do clã Ritcher têm esta prerrogativa.

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Após 11 horas de vôo até Chicago e mais 4,5 horas até Portland, a equipe estava completa. Um feito incrível. Todos hospedados e felizes.

Neste dia ocorreu o jantar de comemoração do aniversário do XND-171.  Após andarmos 7 milhas do hotel até o restaurante (tivemos receio que este trecho pudesse causar lesão por stress em um ou outro), chegamos ao inferno.  Ou melhor, ao restaurante peruano. Sim, peruano.

A sala de espera marcava 38 graus (Celsius). Confesso que jamais tinha ido a um restaurante peruano, mas claro que não é nenhum pouco polêmico na antevéspera de uma prova.  Estava tudo bom, em especial o atendimento à nossa mesa. O Leo Bolt ficou estarrecido com a assistência que tivemos à mesa.  Um “atendimento” excepcional.

A rolha da primeira champagne aberta foi direto na orelha do Captain.  Começava ali a seqüência de colocar o óculos no meio do nariz e dar aquela respirada.  Mas esta ocorrência em particular era blefe, tanto é que… “think about it”, 1102.

O aniversariante fez um agradecimento bem sem graça ao grupo (e diga-se de passagem não fez “um bonito” no final), mas acertou em cheio ao fazer outra homenagem ao nosso The Captain, com direito a “Salve o Capitão”.

Algo que XND pensou por muitos anos e que conseguiu concretizar naquele momento. Mais um “Save the Captain” e a entrega da camiseta do Capitão América. Assim como na vida real, mordendo o escudo!

E restaurante peruano não combina com estômago de francês. O resto desta história vocês podem imaginar.  O Francês ardeu nos dias seguintes.

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Na quinta feira, ao final de nossa visita à sede da Nike, rolou uma tensão entre a Rainha e o Laranja Mecânica.  Um queria ir para direita, outro para esquerda.  Um queria almoçar, o outro não. Café pequeno perto do que vivenciaríamos nos dois dias seguintes.

Neste dia, a van 2 foi para o “Nortons” segundo o XND.  Sim, Norton, aquela da Symantec. O XND insistia que queria comer no Nortons. Encontramos um similar, mas chamado Morton’s The Steakhouse (diga-se de passagem, fechado).  O Francês raivoso deliberadamente decidiu por todos onde almoçaríamos. Poeirão total com risco de ruptura!

Neste dia, véspera da prova, além de estar incumbido pela faxina da van, também fiquei responsável pelas compras. O Comendador Silva Filho e o Francês se ofereceram para me ajudar. Bom …

A questão é a seguinte: quem já viu um francês em supermercado? A minha lista de compra incluía papel higiênico, sanduíches de peru e queijo, água e gatorade. Só isso.   Mas o cara ficou louco!  Começou a botar no carrinho ingredientes para fazer um coq au vin, um cassoulet e mais cuisses de grenouilles, escargot e para sobremesa; crème brûlée, mille-feuilles, etc. Me senti no próprio filme “Ratatouille”.

Com jeito, o JovemP, ou melhor, o Comendador, me ajudou a convencê-lo que tudo aquilo poderia ficar para depois, afinal nem todos conseguiriam comer um kik ar fars e foie gras durante a corrida (evidente que já tinham umas garrafas de vinho no carrinho). E claro, como disse antes, algo nele ainda ardia em brasa.

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Afinal chegara o grande dia! Sexta feira da prova.

Todos acordaram cedo e começaram os trabalhos, exceto claro, alguns de olhos mais puxados. Sem dizer que é o integrante que colou os adesivos nos carros foi o mesmo que o de Florianópolis. Só que desta vez ele se superou. Não sei a técnica, mas os adesivos ficaram em alto relevo, dando um efeito todo especial. Parecia que a van (as vans eram pequenas) estava amassada, tamanho a enrugardes.

Os concorrentes adesivaram as vans.  As vans deles eram vans grandes, enormes. Ficou muito chique e caprichado. Como não tínhamos departamento de marketing na equipe, ficou claro que eles sairiam na reportagem da revista e a gente não.

Sobre as vans: a equipe Lost tem tradição de escolher carros pequenos, muito pequenos. Nossas vans eram do tamanho de um Fiat Idea, onde 6 miseráveis passaram mais de 30 horas confinados. Além das malas, isopores, materiais da corrida, etc.

Vale lembrar aqui, que após horas preparando os carros, o Gonça chega atrasado e todo sorridente. Com pinta de quem vai sentar na janelinha e mais, trazendo consigo um sleeping bag gigante. Óculos no meio do nariz, respiração profunda e a ordem: “-Faça o que tem que ser feito! Dê um jeito nisto.”. Mas do que depressa, sem dar muito tempo para pensar, retirei delicadamente o volume gigante da mão do Gonça e fiz a boa ação do dia, entregando-o para o homeless da esquina. Assunto democraticamente resolvido.

Cabe ressaltar que neste mesmo dia, ao fazermos um pitstop no hotel, o Comendador com medo de perder seu baú (uma mala gigantesca), se desfez de tudo no próprio hotel. Gente prevenida e esperta.

Partimos rumo ao Mount Hood!

Logo na saída do hotel, o espírito Sangalo, que dominaria boa parte do primeiro dia, tomou lugar na Van 2.  A poeira havia levantado totalmente. Foi um momento de muito medo na minha vida. Não medo da gritaria, mas medo do silêncio. Na primeira quadra, o Francês se perdeu. O navegador Gonça estava excitado demais com seu novo celular… O capitão abaixou os óculos e respirou fundo, respirou novamente e mais algumas vezes.

Não teríamos alguém melhor para dar a largada: Rainha com sua alegria e entusiasmo encheu a todos de esperanças. Agora era para valer.

Uma das formas utilizadas pelo Capitão para performance máxima da equipe, foi a ameaça da implantação de um tacógrafo inverso com dispositivo pula-pirata acionado à distância, para quem estivesse abaixo dos tempos. Evidentemente isto surtiu efeito, pois pernas prá que te quero.

O próprio correu sério risco de levar uma cutucada de seu próprio invento e quase sucumbiu a uma fascite plantar, mas Capitão não sucumbe. Capitão suporta a dor até o final.  O bicho chegava saindo fumaça e logo fornecíamos água para seu radiador.  Não foi mal, mas também ficou naquele ritminho sofrível e inaceitável de 04h00min./km na média.

O Chinês também teve problema no soquete.

O Gonça desapareceu em um trecho. Foi resgatado a tempo.

Vários candidatos a guerreiros fizeram mais trechos do que o previsto: Rainha, Pharmaton, Bolt e Klawstrong.

Na van 2 tivemos alguns problemas de conduta.  Talvez pela proximidade de estarmos em um carro pequeno, com 6 homens por dois dias seguidos. Algumas colocações esquisitas por parte dos quatro outros participantes, exceto eu e o Capitão claro. Veja algumas:

Romano: “… só dou para quem sabe.” O Francês: “toda hora eu abro atrás!”.  Chinês: “vou plugar o meu atrás do carregador do Capitão”.  XND: “tinha que colocar na roda. De quem?”.

Nestas horas a liderança do Capitão faz toda a diferença. Logo bradou: “parem com essa put%$#@ e deixem de viadis@#$!!!. Caso contrário eu encerro a nossa prova.” Acho que a partir deste momento, os instintos mais íntimos daqueles voltaram para o armário.

Sem contar que, um dos integrantes, por mais de uma vez ao longo da prova, viu Maria no lugar de José.

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No segundo dia, a equipe concorrente sucumbiu lentamente aos Lost.  Possivelmente causado por uma falha no posicionamento global na cabeça de algum deles, conseguiram se perder no caminho causando o colapso da equipe.  É verdade que eles teriam ganhado da nossa equipe, mas infelizmente desta vez eles foram os “lost”.  Obs.: isto é só uma brincadeira, pois não existe este tipo de competitividade entre equipes amigas. Mas que eles se foder$%&,  se fod&ˆ@*…

É muito melhor ver os detalhes desta corrida através das fotos do que ler um relato longo como este. Mas fato é que é diversão garantida. Muito mais “fun” do que “run”.

Chegada com todas as comemorações! Mission accomplished!

Hora de voltar para Portland. Mais de 100 quilômetros. Todos dormindo na van, inclusive o motorista.  Strike total.

Jantar de comemoração: reprise de todas as barbaridades vividas. Quilos e mais quilos de risada e carne. No “Norton’s” também.

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E por fim Caú, sentimos sua falta. Mas tenha certeza de que você correu o tempo todo com os Losts.

Um beijo da Equipe.

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2 Resultados

  1. Alvarito disse:

    Bárbaro!!!!
    Só correndo outra para ter certeza que foi verdade.

  2. ilana disse:

    thanks pelas risadas – bárbaro!!

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