Os micos do dia – 9º dia

Dia 09– Viagem do Atlântico ao Pacífico
5 de março de 2011

Em San Pedro de Atacama (CHI)

Após manter uma média de 600 km/dia nos primeiros 7 dias, é hora de estacionar um pouco…

Aproveitar o final de semana e conhecer o destino principal desta viagem ao deserto, onde a base é o povoado de San Pedro de Atacama. Enquanto isso, a minha beleza de moto também descansa os pneus e pistões.


Um pouco de informação

O deserto do Atacama está localizado na região norte do Chile, a 1.300 km de Santiago, entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes. É considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo, pois chove muito pouco na região, em conseqüência das correntes marítimas do Pacífico não conseguirem passar para o deserto, por causa de sua altitude. A fauna é bem restrita (não há insetos, por exemplo).

Cláudio, o guia do hotel, marrento que só ele, tentou me explicar que o deserto do Atacama não é seco, e sim árido e que isto é diferente de seco, pois aqui tem água. Pouca, mas tem: tem rios subterrâneos e tem a água que desce da cordilheira. Bom, então tá, é isso aí. É árido!

Em função destas condições existem poucas cidades e vilas no deserto. Uma delas, muito conhecida, é San Pedro do Atacama, que tem pouco mais de 3.000 habitantes e está a 2.600 metros de altitude. Por ser bem isolada é considerada um oásis no meio do deserto e o principal ponto de encontro de viajantes do mundo inteiro: mochileiros, fotógrafos, astrônomos, cientistas, pesquisadores, motociclistas e aventureiros. Tenho visto gente de todo o mundo: americanos, europeus, australianos, argentinos, etc. Claro que como em qualquer parte do mundo, especialmente em época de “real” forte, muitos, mas muitos brasileiros.

O deserto tem muitos vulcões, alguns ativos. Mas é um vulcão inativo que marca a paisagem e as fotos dos turistas: o Licancabur, que tem mais de 5 mil metros de altura.

As temperaturas no deserto variam entre 0ºC à noite e 40ºC durante o dia, dependendo das estações do ano. Nestes dias que estou aqui, durante o dia está fazendo uns 30º graus e à noite deve estar uns 20º. Durante a madrugada esfria ainda mais (estou dormindo sem ar condicionado e com cobertor).

Apesar de pequena e isolada no coração do deserto mais árido do mundo, segundo o Cláudio, San Pedro possui uma vida agitada, mesmo depois da meia-noite. Os bares e restaurantes ficam lotados com pessoas conversando e planejando o dia seguinte. Segundo a guia Nora, não se pode fazer festas depois de certo horário, que é quando eles combinam festas “rave” no Vale de La Muerte.

Geralmente os turistas chegam a Calama, cidade com aeroporto localizada a 100 quilômetros a noroeste de San Pedro. Vindos do Brasil, normalmente a conexão é em Santiago do Chile.

Os hotéis têm um esquema de excursões diárias, geralmente na parte da manhã e tarde. Alguns passeios mais longos tomam o dia todo. O freguês monta o cardápio de acordo com as suas preferências: paisagens, cavalgadas, trekking, bike, passeios culturais, mais longos, menos longos, com mais ou menos micos.

Nosso primeiro passeio foi com uma guia chamada Nora. Alemã e ruiva, mas se ela não disser, todos acham que ela é chilena mesmo. Perguntamos para ela do que mais gosta, se do Chile ou da Alemanha. A resposta foi direta: “Quando eu estou no Chile, prefiro a Alemanha e quando estou na Alemanha, prefiro o Chile”.

Isto me faz pensar o quanto é comum em nossas vidas, em muitas situações do cotidiano e em outras questões mais estruturais, não viver o momento presente. Freqüentemente nos lançando para situações futuras e em outras nos prendendo ao passado. Também, e não raramente, achamos que a grama do vizinho é mais verdinha. Acho que somos assim mesmo, queremos o melhor dos mundos sempre e nos frustramos por não ter somente o melhor de cada coisa, pessoa ou situação.

Observação sobre as ruivas. Quando eu era criança, li um livro da escola que se chamava “Escaravelho do Diabo”.  Nossa, morria de medo quando via ruivas!

Pés na areia e fomos ao nosso primeiro passeio na Cordillera de La Sal visitar dois lugares lindos: Valle de La Muerte e Valle de La Luna.


Valle de La Muerte

É o local mais próximo de San Pedro para visitar na direção de Calama. A 1 km da saída da cidade há uma placa indicando “Cordillera de La Sal”. No topo o visual é o vale, com a Cordilheira dos Andes ao fundo. Os tours que vão para o Valle de La Luna dão uma passada rápida pelo Valle de La Muerte, mas não o cruzam por completo. Sobre este vale, cabe dizer que há duas versões para o nome macabro. A primeira diz que os atacamenhos não ouviram bem quando o arqueólogo francês Gustavo Le Paige, que explorou a região na década de 1950, chamou o lugar de Valle Del Marte. A segunda sustenta que Le Paige encontrou muitos esqueletos humanos e deduziu que velhos e doentes iam para lá morrer.


Valle de La Luna

A 12 km de San Pedro, localizado na Cordillera de La Sal, o Valle de La Luna é uma extensão de terra e areia avermelhadas e outras vistas impactantes. Parte do solo é coberto de sal branco, o que dá ainda mais a impressão de estar em um ambiente não terráqueo. O entardecer é um momento especial, quando as cores ficam ainda mais fortes e belas. Na grande cratera central há uma impressionante duna de areia, onde um estreito caminho em seu topo leva a um dos mais concorridos miradores. De lá, pode-se ver o pôr-do-sol, em meio aos vários picos andinos. A noite também é bela no vale, segundo os guias, pois o brilho da lua reflete no chão de sal e as sombras são fortes e bem definidas no solo, como se fosse dia.

O segundo passeio da tarde foi para o Salar de Atacama: Pueblo de Toconao e Laguna Chaxa.

Como em toda excursão, pagar mico é clássico. A primeira roubada à tarde foi a parada na “chácara” de Tambillo, que segundo eles é um reflorestamento sustentável para o povo da região. Contei umas onze árvores de tamarindo, um gato e muito lixo no local. E o guia ficou puto, pois perguntou se gostaria que falasse em português ou espanhol, e todos responderam em coro: em espanhol!

Após longos 40 minutos, partimos para o segundo mico. Toconao, uma pequena vila a 40 km de San Pedro, oficialmente com mil habitantes (para mim, tinha uns 170). Os guias chapa-branca diriam: “O povoado abriga algumas lojinhas de artesãos e uma mina de liparita, uma pedra vulcânica branca, usada para construção. Outra pedra vulcânica, a calisa, é usada pelos artesãos para esculpir pequenos objetos. A simpática praça central, onde as crianças brincam à tarde, possui uma bela torre branca datada de 1700…”

ROUBADA! Não vá. Deve ser o tradicional esquema do guia ganhar um rebate das comprinhas feitas no local.

Ainda no Salar de Atacama, finalmente fomos para o programa principal, ver os flamingos e o pôr-do-sol, em Rio Barro Negro e Laguna Chaxa.  Isso sim vale à pena.  Maravilhoso!

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RESUMO DO DIA:

05.03.2011 – Sábado
Dia todo na cidade de San Pedro de Atacama (CHI)
0 km rodados
Clima: Muito agradável. Sol, mas com nuvens o dia todo
Altitude no destino: 2.600 m.
Acontecimentos: 1 passeio de manhã e um à tarde
Hotel Tierra Atacama
www.tierraatacama.com
Tel. 56-55  555.977

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1 Resultado

  1. LEONARDO disse:

    Obrigado por compartilhar essa incrivel experiência,e ainda regada a fotos maravilhosas. È realmente um sonho para quem gosta de moto. Um braço e seja muito feliz nessa incrivel viajem!!!

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