Hay pollo c/ mandioca – 2º dia

Dia 02 – Viagem do Atlântico ao Pacífico
26 de fevereiro de 2011

Como uma fronteira entre países pode definir tanto a fisionomia de um povo?! Incrível, uns poucos metros e logo ali, do outro lado, o planeta muda radicalmente: as feições, a língua, a altura, a cor. Louco, pois países são convenções. Os seres humanos já estavam aí antes dos padres e jesuítas quererem conquistar o mundo, como de fato o fizeram e estabelecerem linhas dividindo uns e outros.

Cara que viaja de moto sozinho viaja, né?!

Então vamos voltar para o asfalto…

Primeira picada de abelha na jugular. Com jaqueta fechada, como eu recomendo no meu blog. A desgraçada entrou no meio centímetro que sobrou e créu.  E doeu bastante por uns 100 quilômetros.

Sobre fronteiras: do Brasil para a Argentina foram dois minutos. “Tum” no passaporte! Carimbo para a coleção, senta a bota e enrola o cabo!

Após passar a fronteira, um comando me pediu todos os documentos (100% dos documentos citados nos blogs de viagem de moto). Mas só isso, nada mais. Claro, coloca o carimbo do cartório brasileiro no sol para ver se foi adulterado. Aquelas coisas de gente ignorante e burocrática de países como o nosso que amam um carimbo com assinatura em cima.  Se tiver selo holográfico, então… nossa, show, aí sim !

Em todos os outros sete comandos que passei não me pararam mais.

O primeiro trecho dentro da Argentina tem terra roxa, poeirão incrível que tinge a sua roupa, e a sua moto.  Nos primeiros quilômetros, uma homenagem do meu sindicato: Monumento al Motoviajero!

Esta região do norte da Argentina é de floresta para reflorestamento, com muitas madeireiras e caminhões. Estradas boas e as “tercera trocha” ajudam bastante.  Tem terceira faixa em toda a estrada, que por sinal está sendo reformada de cabo a rabo.

Hoje o clima estava agradável, 29 graus… e felizmente viajei somente umas 2 horas embaixo de chuva, bem melhor que ontem.

No primeiro posto YPF que passei estava faltando nafta.  Como sou exagerado, coloquei logo 6 litros no galão o que me garante at least, 90 km.  A gasolina é verde!!! Coloquei a V=Power Shell Super 4.  Precio por litro: 4.5 pesos.

Depois consegui outro posto e finalmente encontrei a Fangio! Agora virou Premium e custa 4.96 pesos.  A motinho bebeu a famosa fangio argentina e daí a bicha virou um capeta, parecia que estava com o demo no corpo, o cramulhão… ou melhor, um canhão!

Andar de moto é perigoso e eu nunca neguei. Pena do cara que se foi hoje à tarde. Aquela história: passarinho que come pedra, sabe o “c…” que tem.

Mas é sempre muito triste ver um semelhante ir para o saco. Shit happens e hoje foi a hora dele. Provavelmente um cara local, pelo estilo da moto e pela presença na estrada.

Parei em San Juan nas ruínas da “Missão Jesuítica”, apesar do bode que tenho com religião (como já deu para você perceber). Como todo lugar turístico ou de procissão, um bando de gente miserável querendo te vender qualquer coisa. Queria visitar essas ruínas, mas era dar muito mole “pró” gato… esse é o problema de viajar sozinho e não poder deixar a moto carregada em alguns lugares.

Então, lá fui eu almoçar num restaurante onde a especialidade é pacu grelhado. Esse pacu depois deu trabalho viu!

Tinha mesmo é que ter comido neste outro restaurante aqui, “pollo com mandioca”.

Em Posadas, descobri que o prefeito tem tesão em semáforos e mandou instalar 876 deles em algumas quadras. E a tara é tanta, que ele programou 8 minutos e quarenta segundos o tempo de cada um para abrir o sinal verde.  Acho que assim ele fica olhando para os novos equipamentos com led e se deliciando.  Corno!

Depois de morrer de raiva com os brinquedos do prefeito, foi a desforra.  Trecho de uns 200 quilômetros excelentes, livre, descampado e sem sinais. Velocidade média aumentou bem, mas o vento é atroz, especialmente após as 15 horas.  Abaixava o cotovelo e o ombro para o lado esquerdo o tempo todo, jogando a moto no sentido contrário ao vento. A hora que cruzava com um caminhão, segurava a moto senão ia para o chão e também segurava a cabeça, pois parecia que ia arrancar com pescoço e tudo.

Moto não paga pedágio nesta região, em compensação os caras fizeram um corredorzinho lateral, que para passar com as malas, tem que ser piloto de circo!

Com a terra roxa, também cheguei roxo. Antes de encerrar o segundo dia, levei a bruta para tomar banho, pois ela estava nojenta !

Aliás, todo mundo fala que moto tem que ter nome.  Claro, no feminino (até pelo carinho que temos por elas, as motos). Que nome daria a minha que ainda não foi batizada? Alguma sugestão?

Desculpem-me, hoje o post virou um livro.  Amanhã tento ser mais conciso.

Boa noite a todos!

Seu Tatão

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3 Resultados

  1. CELSO disse:

    Olá Fabio !
    Bom rever onde passamos. Você tá mandando legal. Não precisa economizar as palavras não. Não reclame da abelha. Você que estava no lugar errado, na hora errada… Pelo jeito a picada da abelha devia estar melhor que aquele pollo que você quase traçou na beira da estrada. Aproveite pra comer um belo peixe na Av. Costanera em Corrientes.
    Abraço
    Celso

  2. Virso disse:

    Fala Aí Bro…
    Vê se aproveita e como uma carninha…Bom monento para sair da rotina!!
    Abçs, Virso.

  3. Chris disse:

    Bom descanso!!… e essa abelha intrusa… não gostei dessa parte rs..

    Boa noite, Chris

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